El Canal de Nicaragua fue abortado: no pudo ser causa de la crisis/ O Canal de Nicarágua foi abortado – não pode ser causa da crise

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Victoria Korn|

La actual crisis en Nicaragua nada tiene que ver con el proyecto de construir un nuevo canal interoceánico en Centroamérica, abortado hace dos años ante la debacle de su principal inversor, el multimillonario chino Wang Jing, y la opción del gobierno de Pekin de establecer relaciones con Panamá y utilizar su remozado canal.

Distintos analistas internacionales consideraban que una de las causas de la desestabilización del gobierno de Daniel Ortega, con el estallido social de abril último, era la construcción del nuevo canal, proyecto al cual se oponía Estados Unidos.

Pero el avance del proyecto de construcción del gran canal interoceánico de Nicaragua ya eran muy reducidos desde 2015, cuando su principal inversionista, el exmultimillonario chino Wang Jing vio mermar su fortuna personal, con la que buscaría el respaldo de otros inversionistas para la obra. Pero la estocada final fue el establecimiento de las relaciones diplomáticas de Panamá con China en junio de 2017. Siempre se trató de un proyecto privado y no del estado chino.

La apuesta del exmultimillonario chino se truncó cuando el gobierno de su país pudo tender puentes con Panamá, que ya teniendo un canal en pleno funcionamiento, y recientemente expandido, podría ser la puerta de entrada para la milenaria Ruta de la Seda.

La obra representaba una promesa de empleo para más de 50 mil nicaragüenses, además de la expectativa de duplicar el producto interno bruto, para convertirse en el país más rico de Centroamérica, siendo que la iniciativa complementaría otros megaproyectos como dos puertos, un aeropuerto, un área de libre comercio y complejos turísticos.

El 22 de diciembre de 2014, Daniel Ortega, presidente nicaragüense, otorgó la concesión de construcción de la vía interoceánica por 50 años prorrogables a la empresa Hong Kong Nicaragua Development (HKND), de Wang Jing. La obra, de 278 kilómetros, iba a unir el Océano Pacífico con el Mar Caribe, donde los buques navegarían por un lago y cuyo canal sería tres veces más grande que la vía panameña.

Wei Qiang, embajador chino en Panamá, dijo que ‘el proyecto del canal interoceánico de Nicaragua era netamente una inversión privada’. La idea de construir un canal por Nicaragua data de hace dos siglos, pero primero se concretó el de Panamá, quetiene más de un siglo en operación.

En marzo de 2017, la prensa reveló que la empresa de Wang Jing había reducido al mínimo sus operaciones en Nicaragua, donde aún opera su empresa de telecomunicaciones Xinwei Telecom Technology Group, bajo la marca Coo Tel Nicaragua.

Wang Jing era una de las 200 personas más ricas del mundo con una fortuna valorada en 10.200 millones de dólares hasta junio de 2015, pero dos años después su riqueza se deprimió hasta ubicarse en mil 100 millones de dólares, según la agencia Bloomberg .

La agencia añadió que Wang Jing cerró las oficinas de HKND, en el piso 18 del Centro Internacional de Finanzas, el rascacielos más alto de Hong Kong, y por el cual pagaban un canon de arrendamiento mensual por 2.1 millones de dólares. Paralelamente le suspendieron el 35% de sus acciones en la compañía de telecomunicaciones con sede en Pekín.

Además, los Servicios de Seguridad de Ucrania realizaron la última semana de abril de 2018 búsquedas en el mayor fabricante de aviones y helicópteros del país en una investigación sobre una oferta de compra por parte de compañías vinculadas a Wang Jing. Las autoridades indicaron que una de las compañías de Wang Jing estuvo envuelta en una colusión con empresarios locales para ‘destruir’ la fabricación estratégica de motores de aviones del país mediante la extracción de activos.

* Periodista venezolana asociada al Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (CLAE, www.estrategia.la). Desde Managua

EN PORTUGUÉS

O Canal de Nicarágua foi abortado – não pode ser causa da crise

Por Victoria Korn

A atual crise na Nicarágua não tem nada a ver com o projeto de construir um novo canal interoceânico na América Central, abortado há dois anos, devido à falência do seu principal investidor, o multimilionário chinês Wang Jing, além da opção do governo de Pequim de estabelecer relações com o Panamá e utilizar seu renovado canal.

Diferentes analistas internacionais consideravam que uma das causas da desestabilização do governo de Daniel Ortega, com a crise social de abril e os protestos que vêm se sucedendo até agora, era a construção do novo canal, projeto ao qual os Estados Unidos se opunham.

Foi muito pouco o avanço da construção do grande canal interoceânico da Nicarágua, mesmo em 2015, quando seu mecenas viu sua fortuna pessoal evaporar, e mesmo sua tentativa de encontrar sócios para a iniciativa também fracassou. Mas a estocada final foi o estabelecimento de relações diplomáticas entre Panamá e China, em junho de 2017. O fato é que o canal sempre se tratou de um projeto privado, e não do Estado chinês.

A aposta do ex-multimilionário foi por água abaixo quando o governo do seu país começou a criar laços com o Panamá, que já tem um canal em pleno funcionamento – o qual recentemente expandido, poderia ser a porta de entrada para a milenária Nova Rota da Seda.

A obra representava uma incrível promessa de emprego para mais de 50 mil nicaraguenses, além da expectativa de duplicar o produto interno bruto, o que estabeleceria o país como o mais rico da América Central – sendo que a iniciativa complementaria outros megaprojetos, como portos, um aeroporto, uma área de livre comércio e outros complexos turísticos.

Em 22 de dezembro de 2014, Daniel Ortega, presidente nicaraguense, outorgou a concessão de construção da via interoceânica por 50 anos (prorrogáveis) à empresa Hong Kong Nicaragua Development (HKND), de Wang Jing. A obra, de 278 quilômetros, uniria o Oceano Pacífico e o Mar do Caribe, servindo de acesso também para o Oceano Atlântico. Os barcos navegariam por um lago, e os canais seriam três vezes mais largos que a via panamenha.

Wei Qiang, embaixador chinês no Panamá, disse que “o projeto do canal interoceânico da Nicarágua era um investimento totalmente privado”. A ideia de construir um canal pela Nicarágua existe há dois séculos, mas foi abandonada depois que o do Panamá foi construído primeiro, e já está há mais de um século em operação.

Em março de 2017, a imprensa revelou que a empresa de Wang Jing havia reduzido ao mínimo suas operações na Nicarágua, onde ainda opera sua empresa de telecomunicações, a Xinwei Telecom Technology Group, que usa o nome comercial de Coo Tel Nicaragua.

Wang Jing era uma das 200 pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna calculada em 10,2 bilhões de dólares até junho de 2015, mas dois anos depois sua riqueza se esfumou, e só sobraram 1,1 bilhão de dólares, segundo a agência Bloomberg.

A agência acrescenta que Wang Jing fechou os escritórios da HKND, no 18º andar do Centro Internacional de Finanças, o arranha-céus mais alto de Hong Kong, e pelo qual pagavam um aluguel mensal de 2,1 milhões de dólares. Paralelamente, 35% de suas ações na companhia de telecomunicações, com sede em Pequim, foram suspensas.

Ademais, os Serviços de Segurança da Ucrânia realizaram buscas no maior fabricante de aviões e helicópteros desse país, na última semana de abril de 2018, em uma investigação sobre uma oferta de compra por parte de companhias vinculadas a Wang Jing. As autoridades indicaram que uma dessas companhias esteve envolvida numa colusão com empresários locais para “destruir” a fabricação estratégica de motores de aviões do país mediante a extração de ativos.

Victoria Korn é jornalista venezuelana associada ao Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE)

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