Paraguay: Elecciones que importan a Brasil y Argentina/ Eleições que importam a Brasil e Argentina
Celso Guanipa Castro|
El 22 de abril los paraguayos irán a las urnas por séptima vez desde la caída de la dictadura de 45 años de Alfredo Stroessner, para elegir presidente, vicepresidente, parlamentarios, gobernadores y concejales departamentales. Los principales candidatos están representados por los tradicionales partidos, el Colorado y el Liberal.
De quien gane las elecciones –el colorado Mario Abdo Benítez o el liberal Efraín Alegre- depende la profundidad de la renegociación de los tratados de las hidroeléctricas de Itaipú (con Brasil) y Yacyretá (con Argentina),
En esta elección los liberales se aliaron nuevamente –como hace 10 años- con la centroizquierda. Entonces, alcanzaron el triunfo con Fernando Lugo, luego depuesto en un golpe parlamentario, que contó, paradójicamente, con el voto de los liberales.
Como era previsible, las encuestas propiciadas por los medios hegemónicos de comunicación, las encabeza el candidato colorado, Mario Abdo Benítez (quien garantizaría la continuidad del gobierno conservador-neoliberal de Horacio Cartes, con bajos impuestos para los agroexportadores y mayor endeudamiento externo para financiamiento de la infraestructura.
Los sondeos muestran en el segundo lugar al candidato liberal (de la alianza GANAR) Efraín Alegre, quien promete cambios en la política energética y en materia tributaria. El exsacerdote Fernando Lugo lideró una alianza opositora y, con los liberales en la vicepresidencia, derrotaron al coloradismo luego de casi 60 años de poder ininterrumpido. Esta “primavera democrática” duró poco, y en 2012 Lugo fue destituido por la vía del juicio político.
La fractura de la alianza exitosa entre la centroizquierda y el partido liberal aseguró el retorno del coloradismo al poder apenas cinco años después. Así en 2013, Horacio Cartes, un empresario exitoso y multimillonario, derrotó a Efraín Alegre por casi 9% de los votos. En el retorno al poder en 2013, los colorados también obtuvieron 19 de 45 bancas en el Senado, 44 de 80 bancas en Diputados y 13 de 17 gobernaciones en el país.
Cartes aprobó leyes de dudosa legalidad constitucional (la Ley de alianzas público-privadas y la Ley que autoriza a las FFAA a intervenir en cuestiones de seguridad interna). A pesar de la cómoda mayoría en el Senado, un grupo de colorados formaron un bloque, a mediados del mandato, que comenzó a enfrentarse abiertamente a Cartes, liderados por Abdo Benítez, hijo del secretario de Stroessner durante la dictadura.
Por el lado de la oposición, los liberales y la centroizquierda acordaron revivir la exitosa alianza de hace 10 años pero ahora la candidatura a la presidencia recayó en el partido liberal y la vicepresidencia en la centroizquierda: el liberal Efraín Alegre para presidente y Leo Rubín, un comunicador sin trayectoria política, que defiende los derechos indígenas, medioambientales y campesinos, para la vicepresidencia.
Tres temas fundamentales estarán en la agenda política en los próximos cinco años: la reforma constitucional, la renegociación de los tratados de las hidroeléctricas de Itaipú (con Brasil) y Yacyretá (con Argentina), y el crecimiento exponencial de la deuda externa, que durante la gestión de Cartes creció en un 109%
El candidato colorado propone el servicio militar obligatorio para todos los jóvenes, especialmente para aquellos hijos de madres solteras, con el objetivo de que aprendan disciplina y patriotismo y plantea la necesidad de blanqueo a empresarios que tengan cuentas pendientes con el Estado.
La principal propuesta de la alianza opositora es la recuperación de la soberanía energética. Alegre propone convertir el excedente de energía que posee Paraguay con las hidroeléctricas de Itaipú y Yacyretá en fuentes generadoras de trabajo. La promesa de GANAR fue la de reducir drásticamente el costo del servicio de luz a los usuarios.
Alegre firmó ante un escribano público un compromiso acerca de los cinco primeros decretos que firmará en caso de ser electo: reducción drástica del costo de luz, renegociar el tratado de Itaipú con Brasil y dejar sin efecto el acuerdo entre Horacio Cartes y Mauricio Macri sobre la deuda de Yacyretá; salud pública gratuita; calidad educativa y participación de los padres en las inversiones de infraestructura y, por último, combate al crimen organizado.
* Periodista y politólogo paraguayo, asociado al Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (CLAE, www.estrategia.la)
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Eleições que importam a Brasil e Argentina
Por Celso Guanipa Castro
No dia 22 de abril, os paraguaios irão às urnas por sétima vez desde a queda da ditadura de 45 anos de Alfredo Stroessner, para eleger um presidente, um vice-presidente, parlamentares, governadores e conselheiros departamentais – o que seriam os estaduais no Brasil. Os principais candidatos estão representados pelos tradicionais partidos: o Colorado e o Liberal.
Brasil e Argentina devem observar com muita atenção este processo, pois a profundidade da regeneração dos tratados das hidroelétricas de Itaipu (com o Brasil) e Yacyretá (com a Argentina) dependerá de quem ganhe as eleições, seja o colorado Mario Abdo Benítez ou o liberal Efraín Alegre.
Nesta eleição, os liberais se aliaram novamente com a centro-esquerda, como aconteceu há 10 anos atrás. Naquela primeira versão da coalizão, eles conseguiram vencer as presidenciais e eleger Fernando Lugo, que depois seria derrubado pelo golpe parlamentar, que contou, paradoxalmente, com os votos dos liberais – e que levou o liberal Federico Franco, então vice-presidente, a encabeçar o resto do mandato, numa traição semelhante à de Michel Temer contra Dilma, no Brasil.
Como era previsível, as pesquisas propiciadas pelos meios hegemônicos de comunicação mostram um favoritismo do candidato colorado, Mario Abdo Benítez, que garantiria a continuidade do governo conservador-neoliberal de Horacio Cartes, com baixos impostos para os agroexportadores e maior endividamento externo para financiamento da infraestrutura.
As mesmas pesquisas mostram que o Efraín Alegre, o candidato liberal, está em segundo lugar, com sua promessa de mudanças na política energética e em matéria tributária.
O ex-sacerdote católico Fernando Lugo, que liderou uma aliança opositora com os liberais, derrotando o coloradismo após quase 60 anos de poder sem interrupções, agora tenta uma vaga no Senado. Após aquela “primavera democrática”, que durou somente até a sua destituição em 2012, Lugo sofreu com um golpe à sua imagem, que o impossibilitam como candidato presidencial, embora também haja impedimentos legais para isso.
A fratura daquela bem-sucedida aliança entre a centro-esquerda e o Partido Liberal já havia sido uma das razões da vitória de Horacio Cartes e do retorno do coloradismo ao poder em 2013. Cartes é empresário multimilionário, e naquele então venceu o mesmo Efraín Alegre com uma diferença de pouco mais de 8% dos votos. Mas esse retorno dos colorados ao poder também considerou as 19 vagas das 45 existentes no Senado, e 44 das 80 da Câmara dos Deputados, além 13 dos 17 governadores do país.
Cartes não desperdiçou essa enorme hegemonia, aprovando leis de duvidosa legalidade constitucional – como a Lei de alianças público-privadas, e a que autoriza as Forças Armadas a intervirem em questões de segurança interna.
Apesar da cômoda maioria no Senado, um grupo de colorados formaram um bloco, em meados deste atual mandato, que começou a confrontar abertamente a Cartes. Esse grupo era liderados, curiosamente, pelo atual candidato colorado à sucessão, Abdo Benítez, filho do secretário de Stroessner durante a ditadura.
Pelo lado da oposição, os liberais e a centro-esquerda concordaram em reviver a aliança que deu certo há 10 anos, mas agora numa candidatura liderada pelo Partido Liberal, e com um vice-presidente de centro-esquerda: o jornalista Leo Rubín, sem trajetória política, e conhecido por defender os direitos indígenas, o meio ambiente e os camponeses.
Três temas fundamentais estarão na agenda política nos próximos cinco anos: a reforma constitucional, a renegociação dos tratados das hidroelétricas de Itaipu (com o Brasil) e Yacyretá (com a Argentina), e o enorme crescimento (de 109%) da dívida externa durante a gestão de Cartes.
Abdo Benítez, o novo candidato colorado propõe o serviço militar obrigatório para todos os jovens, especialmente aqueles filhos de mães solteiras, com o objetivo de que aprendam disciplina e patriotismo, e defende a necessidade de limpar as dívidas dos empresários que tenham contas pendentes com o Estado.
A principal proposta da aliança opositora é a da recuperação da soberania energética. Alegre propõe transformar o excedente de energia que o Paraguai possui com as hidroelétricas de Itaipu e Yacyretá em fontes geradoras de trabalho, além de reduzir drasticamente o custo do serviço de luz aos usuários.
Efraín Alegre assinou em cartório um compromisso público sobre os cinco primeiros decretos que impulsará caso seja eleito: redução drástica do custo da luz, renegociar o tratado de Itaipu e deixar sem efeito o acordo entre Horacio Cartes e Mauricio Macri sobre a dívida de Yacyretá, investir num sistema de saúde pública gratuita, promover a qualidade na educação e a participação dos pais nos investimentos de infraestrutura para as escolas, e, finalmente, combater o crime organizado.
Celso Guanipa Castro é jornalista e cientista político paraguaio, do Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE)
www.estrategia.la