Colombia: si el centro no se une a la izquierda, gana la derecha/Se a esquerda e o centro não se unem, a direita ganhará
Camilo Regifo Marín-CLAE|
El silencio de las armas sirvió de caja de resonancia para las denuncias de corrupción, compra de votos y de improvisación del organismo electoral y de la Registraduría Nacional, que no ofreció las suficientes boletas para la consulta interpartidista y elección parlamentaria del domingo en Colombia-.
Hubo consenso: derecha e izquierda, señalaron posible fraude. Por primera vez en las últimas décadas, se desarrollaron unos comicios en paz: el ahora partido político FARC estaba votando, y la insurgencia del ELN respetó el cese al fuego que ofreció como gesto de respeto al pueblo.
Pero el silencio de los fusiles permitió oir los dramas de la democracia que estaban escondidos por el estruendo de la violencia, y el escándalo pasó a ocupar el lugar de las balas: las autoridades electorales se negaban a entregar las papeletas de votación, denunció el candidato de la izquierda, Gustavo Petro.
Pero las elecciones interpartidistas (una especie de internas) dejaron en claro quienes serán los candidatos presidenciales para mayo: el uribista Iván Duque por la derecha, y Petro, por la izquierda. Duque, del Centro Democrático, logró 3.7 millones de votos superando a Marta Lucía Ramírez (1.4 millones) del partido Conservador, y Alejandro Ordóñez, ex procurador. Un total de cinco millones de sufragios.
En la izquierda, la llamada “Consulta Inclusión por la Paz” fue ganada por Petro con el 84% de los votos (2.6 millones) que sumados a los de su único contrincante, Carlos Caicedo (471 mil) alcanxaba los tres millones de votantes.
Para Petro, los hechos del domingo mostraron que “el gobierno de Juan Manuel Santos no está ofreciendo las garantías para una campaña presidencial que resulta muy apretada después de los resultados de la consultas”.
Y destacó que la ventaja que le sacó la derecha fue bastante amplia en Antioquia y el eje cafetero, la zona andina, pero “logramos ganarle a Duque en el Pacífico, Cauca, Chocó, Nariño (los territorios donde más se sufre la guerra) y en buena parte de la Costa Caribe. Creemos que podemos ganar la Presidencia”, aseguró. Aunque ganó en Bogotá, su fortín mayor, la ventaja de Petro fue muy débil.
El panorama para las presidenciales de mayo convoca a la unión de los candidatos del centro y de la izquierda. La única opción aparente de ganar para los que no son de derecha será unirse a Petro, como Sergio Fajardo -de Compromiso Ciudadano- candidato también del Polo Democrático Alternativo y la Alianza Verde de Claudia López, su fórmula vicepresidencial anunciada un par de semanas atrás- que no participó en la conulta.
“El tema fue de recursos, imprimir 36 millones de tarjetas hubiera costado muchísimo”, explicó el Registrador Juan Carlos Galindo quien denunció que el Ministro de Hacienda no les otorgó todo el dinero solicitado para imprimirlas.
La debilidad del sistema electoral y la permanencia de una cultura de miedo y terror insuflados aún hoy por los medios hegemónicos, quedó en evidencia, y también el hecho de que se sigue eligiendo a los partidos corruptos y criminales, que actúan con apoyo de las mafias paramilitares y del narcotráfico.
El partido con más candidatos cuestionados por los organismos humanitarios es Cambio Radical con siete, seguido por el Centro Democrático, el Partido de La U, Opción Ciudadana, y el Conservador, cada uno con cinco candidatos familiares de los que hoy -tras las rejas- quieren seguir manejando la política colombiana.
Lo cierto es que sin importarles el prontuario criminal de los partidos y sus candidatos, los colombianos eligieron este domingo, además de candidatos presidenciales, el nuevo Congreso donde participarán diez representantes de FARC que no disputaron sus puestos en las urnas, pues el Acuerdo de Paz se los garantizaba.
EN PORTUGUES
Se a esquerda e o centro não se unem, a direita ganhará
Por Camilo Rengifo Marín
O silêncio das armas serviu como caixa de ressonância para as denúncias de corrupção, a compra de votos e a improvisação do organismo eleitoral, que não tinha uma quantidade suficiente de cédulas as primárias presidenciais nem para as eleições legislativas do último domingo (11/3) na Colômbia, o que colaborou com o aumento da abstenção.
Há um consenso: tanto a direita quanto a esquerda fizeram menção a uma possível fraude. Pela primeira vez nas últimas décadas, uma votação aconteceu em completa paz: as FARC, agora um partido político reconhecido, participou voltando, e o ELN, outro grupo guerrilheiro, respeito o cessar fogo que ofereceu como gesto de respeito ao povo.
Mas o silêncio dos fuzis também permitiu ouvir os dramas da democracia que estavam escondidos pelo barulho da violência, e o escândalo passou a ocupar o lugar das balas: algumas autoridades eleitorais se negaram a entregar as cédulas de votação, segundo denúncia do próprio candidato da esquerda, Gustavo Petro.
As eleições primárias deixaram claro quem serão os candidatos presidenciais em maio: o uribista Iván Duque será o representante da direita, enquanto Petro é o principal nome da esquerda. Duque, do partido Centro Democrático, obteve 3,7 milhões de votos, superando Marta Lucía Ramírez (1,4 milhões), do Partido Conservador. A consulta da esquerda mostrou um Petro com 2,6 milhões de preferências, cinco vezes mais que o seu adversário, Carlos Caicedo (471 mil). A votação da direita reuniu pouco mais de 5 milhões de votos, contra 3 milhões da esquerda.
O Partido FARC, nascido após a desmobilização da guerrilha, a partir dos acordos de paz, sofreu uma dura derrota nas eleições legislativas, em seu primeiro encontro com as urnas: conseguiu apenas 52,5 mil votos (0,34%) para o Senado.
Para Petro, os fatos acontecidos no domingo mostraram que “o governo de Juan Manuel Santos não está oferecendo as garantias de segurança e funcionamento institucional para uma campanha presidencial que será muito acirrada”.
Ele também destacou que a vantagem da direita foi bastante ampla no departamento de Antioquia, um dos mais importantes do país, e no eixo cafeteiro, na zona andina. Porém, também lembrou que “nós (a esquerda) pudemos superar a Duque no litoral do Pacífico, nas regiões de Chocó, Nariño (os territórios onde mais se sofre com a guerra) e em boa parte da costa do Caribe. Acreditamos que podemos vencer a disputa pela Presidência”. Petro também venceu na capital do país, Bogotá, mas com uma vantagem muito aquém do esperado para uma cidade da qual ele já foi prefeito.
O panorama para as presidenciais de maio exige, portanto, a união dos candidatos do centro e da esquerda, caso estes queiram vencer a direita. A única opção desses dois campos para uma surpreendente contra o conservadorismo seria uma união entre Petro, o socialdemocrata Sergio Fajardo (do partido Compromisso Cidadão) e da líder da Aliança Verde, Claudia López, que por enquanto se apresenta como vice na chapa de Fajardo.
Por sua parte, o governo justificou assim os problemas de organização vistos durante a jornada eleitoral: “o problema foi a falta de recursos, imprimir 36 milhões de cédulas teria sido muito caro”, explicou Juan Carlos Galindo, representante do organismo eleitoral, que denunciou o Ministério da Fazenda por não entregar a verba solicitada previamente para a impressão.
A fragilidade do sistema eleitoral e a permanência de uma cultura de medo e terror, insuflados até hoje pelos meios de comunicação hegemônicos, ficou em evidência, assim como o fato de que os partidos corruptos e ligados ao crime organizado continuam tendo mais força nas disputas por cargos legislativos, com o apoio das máfias paramilitares de direita e do narcotráfico.
O partido com mais candidatos questionados pelos organismos humanitários é o Cambio Radical, com sete casos. Depois aparecem os uribistas do Centro Democrático, o Partido da Unidade, o Opção Cidadã e o Partido Conservador, cada um com cinco candidatos questionados.
Mas a verdade é que não importa o histórico criminal dos e dos seus candidatos. Neste último domingo, os colombianos escolheram seus representantes no novo Congresso – que terá dez representantes do partido FARC, que já tinham suas vagas especiais garantidas, segundo o determinado pelos acordos de paz – e quem serão os presidenciáveis. Agora, o cenário da luta principal já está montado.
Camilo Rengifo Marín é economista e acadêmico colombiano, investigador do Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE)