Renunció Cartes en Paraguay: maniobra para seguir manejando los hilos/ Cartes renunciou: uma manobra para seguir controlando as cordas

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Celso Guanipa Castro-CLAE |

Horacio Cartes presentó su renuncia como presidente de Paraguay a escasos dos meses de terminar su mandato, con bajos niveles de popularidad (poco más del 20%), aun cuando su gobierno no está atravesando ninguna crisis de envergadura que fuerce su renuncia.

La dimisión voluntaria del dirigente del conservador partido colorado es considerada como parte de una jugada política que le permita asumir como senador activo, cargo para el que fue electo en las elecciones del 22 de abril pasado, y no como senador vitalicio -un puesto simbólico, con voz pero sin voto ni sueldo-, tal como les corresponde a todos los exmandatarios de acuerdo a la Constitución del Paraguay.

El siguiente paso consiste en que el Senado, con votos muy volátiles, estudie la situación y acepte o no su dimisión. La

Cartes

renuncia fue llevada al Congreso por uno de los más leales senadores cartistas, Juan Darío Monges. De aceptarse la renuncia de Cartes, que juraría como senador activo el 1 de julio, Alicia Pucheta se convertirá en la primera mujer presidenta del Paraguay y ejercerá el cargo hasta el 15 de agosto, cuando entregue el bastón presidencial al también colorado Mario Abdo Benítez.

Mientras, el expresidente Fernando Lugo, presidente del Senado, convocó a los senadores y diputados para una sesión extraordinaria de la Bicameral este miércoles para analizar la renuncia, en cumplimiento al artículo 202 de la Constitución, que menciona los deberes y las atribuciones del Congreso (en este caso, aceptar o no la renuncia del presidente)

Cartes necesitará el apoyo de una mayoría simple, tanto en la Cámara Alta como en la Baja, es decir, 23 en el Senado y 41 en Diputados. El presidente del Partido Liberal Radical Auténtico, Efraín Alegre, se dirigió a todos los parlamentarios y les recomendó dejar sin quórum la sesión. El sector Añetete, liderado por el presidente electo Mario Abdo Benítez, que tiene los votos para decidir, no terminó de expedirse.

Si el Senado no hace quórum o no existen los votos necesarios para aceptar la renuncia de Cartes, su situación jurídica se tornará incierta, ya que no podrá jurar el 1 de julio y deberá terminar su mandato el 15 de agosto. Lo que ocurra después es imprevisible y dependerá del nuevo Congreso el destino de Horacio Cartes.

par protestas2El año pasado Cartes intentó modificar la Constitución para habilitar su reelección. Sólo desistió de su plan luego de masivas protestas en las calles de Asunción que incluyeron un incendio en el Palacio del Congreso. Entonces se postuló a senador junto a otro ex presidente, Nicanor Frutos (2003-2008), mientras juristas y opositores plantearon la inconstitucionalidad de la maniobra, la victoria del Partido Colorado -que se quedó con 17 de las 45 bancas del Senado- incluyó bancas para ambos.

La oposición llevó entonces el caso hasta la Corte Suprema. Mientras tanto, en un segundo movimiento de la misma maniobra, la juez del Tribunal Supremo más cercana al Presidente, Alicia Pucheta de Correa, renunciaba a la Corte para transformarse en vicepresidente de la Nación y así quedar a cargo del país ante una vacancia. La semana pasada, la Corte Supremo falló a favor de Cartes, alegando que no hay impedimentos legales para que asuma como senador activo.

Así se llega a la planificada renuncia presentada este lunes por Cartes, evitando terminar su mandato presidencial y así convertirse automáticamente en senador vitalicio. Cartes, como senador activo, pretende seguir manejando desde su banca los resortes de la política paraguaya, algo que no podría hacer como senador vitalicio.

El Presidente viola de esta forma el artículo 189 de la Constitución, que obliga a los expresidentes a ser senadores vitalicios, con voz pero sin voto, pero el viernes pasado, el Tribunal Superior de Justicia Electoral proclamó como senador activo a Cartes siendo aún presidente, un hecho sin precedentes.

Camiones de mudanza ya fueron vistos este lunes en la residencia presidencial Mburuvicha Róga, lo cual confirma que Cartes ya retirará sus pertenencias de allí.

**Periodista y politólogo paraguayo, asociado al Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (CLAE, www.estrategia.la)


EN PORTUGUÉS

Cartes renunciou: uma manobra para seguir controlando as cordas

Por Celso Guanipa Castro

Horacio Cartes apresentou sua renúncia como presidente do Paraguai nesta segunda-feira (28/5), quando faltavam dois meses para terminar o seu mandato, com baixos níveis de popularidade (pouco mais do 20%), embora seu governo não esteja atravessando nenhuma crise de maior gravidade para justificar essa atitude.

A deserção voluntária desse político conservador e líder do Partido Colorado é considerada como parte de uma jogada política que permite a ele assumir como senador ativo, cargo para o qual foi eleito nas eleições de 22 de abril passado, e não como senador vitalício – um posto simbólico, com voz mas sem voto e nem salário, que é um direito de todos os ex-mandatários, de acordo com a Constituição paraguaia.

O passo seguinte consiste em como o Senado, com seus votos muito voláteis, estudará a situação, e se decidirá aceitar ou não a renúncia. O pedido foi levado ao Congresso por um dos mais leais senadores cartistas, Juan Darío Monges. Caso seja aceito, Cartes poderá jurar como senador ativo no dia 1º de julho, e Alicia Pucheta se tornaria a primeira mulher presidenta do Paraguai, exercendo o cargo até 15 de agosto, quando deverá entregá-lo ao presidente eleito Mario Abdo Martínez, também do Partido Colorado.

Enquanto isso, o ex-presidente Fernando Lugo, presidente do Senado, convocou os senadores e deputados para uma sessão extraordinária para esta quarta-feira (30/5) para analisar a renúncia, cumprido com o determinado pelo artigo 202 da Constituição, que fala sobre os deveres e atribuições do Congresso – neste caso, aceitar ou não a renúncia do presidente.

Cartes precisará do apoio de uma maioria simples, tanto na Câmara Alta como na Baixa, ou seja, 23 no Senado e 41 entre os deputados. O presidente do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), Efraín Alegre, se dirigiu a todos os parlamentares e recomendou deixar a sessão sem quórum. O setor liderado pelo presidente eleito Mario Abdo Benítez, que tem os votos para decidir a questão, ainda não se pronunciou sobre o caso.

Se o Senado não faz quórum, ou se não existem os votos necessários para aceitar a renúncia de Cartes, sua situação jurídica será incerta, já que não poderá jurar no dia 1º de julho e deverá terminar seu mandato em 15 de agosto. O que ocorra depois é imprevisível, já que dependerá do novo Congresso o destino de Horacio Cartes.

No ano passado, Cartes tentou modificar a Constituição para habilitar sua reeleição. Só desistiu desse plano depois de um massivo protesto nas ruas de Assunção que incluiu um incêndio no Palácio do Congresso. Então, decidiu concorrer ao Senado junto com outro ex-presidente, Nicanor Frutos (2003-2008), enquanto juristas e opositores reclamaram da inconstitucionalidade do fato de que a vitória do Partido Colorado – que ficou com 17 das 45 cadeiras do Senado – incluiu vagas para ambos.

Então, a oposição levou então o caso até a Corte Suprema. Num segundo movimento da mesma manobra, Alicia Pucheta, a juíza do tribunal com relação mais próxima com o presidente, renunciou à Corte para se transformar em vice-presidenta da Nação, e assim se posicionar como a pessoa que assumirá o país no caso de o cargo ficar vago, como poderia acontecer agora. Na semana passada, Corte Supremo decidiu a favor de Cartes, alegando que não há impedimentos legais para que ele assuma como senador ativo.

Assim se chega à planificada renúncia apresentada nesta segunda por Cartes, evitando terminar seu mandato presidencial e o cargo automático de senador vitalício. Cartes, como senador ativo, pretende seguir controlando as cordas que manejam o poder na política paraguaia a partir da sua cadeira no Legislativo, algo que não poderia fazer como senador vitalício.

Desta forma, o presidente viola o artigo 189 da Constituição, que obriga os ex-presidentes a serem senadores vitalícios, com voz mas sem voto, e o faz graças a um quadro sem precedentes, que é a sua proclamação como senador ativo por parte do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, em contradição ao que diz a carta magna.

Caminhões de mudança já foram vistos nesta segunda-feira na residência presidencial, confirmando que Cartes já está retirando seus pertences de lá.

Celso Guanipa Castro é jornalista e cientista político paraguaio, do Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE)
www.estrategia.la

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