Perú: El jueves 22, ¿último día de PPK? ¿Y después?/22 de março será o último dia de Kuczynski? E depois?
Mariana Álvarez Orellana|
El próximo jueves 22 de marzo, el Pleno del Congreso peruano debatirá el pedido de vacancia presidencial aprobado por amplia mayoría (87 a favor, 15 en contra e igual número de abstenciones) contra Pedro Pablo Kuczynski (PPK).
El mandatario deberá ir el jueves 22 junto a su abogado, Alberto Borea, nuevamente al hemiciclo y exponer su defensa, luego que la mañana de este jueves se admitiera el pedido de moción de vacancia. De alcanzarse los 87 votos requeridos, PPK tendrá que dejar el gobierno y será el vicepresidente Martín Vizcarra quien asuma la cartera. O no, porque es difícil hablar de lealtades.
Nicolás Lynch señaló en La Otra Mirada que “Traidores ha llamado el Presidente a quienes quieren vacarlo. Con este epíteto no sólo ha dado la pauta para que sus partidarios empleen similares o peores calificativos, sino que ha marcado la cancha de tal manera que ya no se trata de un enfrentamiento entre adversarios políticos en una competencia democrática, sino de enemigos en una confrontación que amenaza (o ya es) una guerra”.
El escenario ha cambiado, las denuncias han crecido contra el PPK – que no da respuestas claras a las múltiples acusaciones de corrupción- y el conjunto de la clase política. La moción de vacancia presentada en diciembre alcanzó solo 79 votos. Aquella jornada marcó, además, el quiebre definitivo del fujimorista Fuerza Popular, con la deserción del bloque encabezado por Kenji Fujimori.
Es la crisis de un gobierno que lucha por su sobrevivencia, porque su líder está acusado de traicionar su mandato, al poner su interés particular de gran empresario por encima del interés general, al haber favorecido a las empresas de las que es dueño. “No es que estemos desacostumbrados en estos años de neoliberalismo a ver poner el interés particular por encima del general, pero pocas veces se ha visto el mar actual de coimas, así como el crudo aprovechamiento de quien hoy es Presidente”, añade Lynch.
La legisladora Patricia Donayre planteó que en caso de que ocurra la vacancia del presidente y renuncien los vicepresidentes, se convoque inmediatamente a elecciones generales para presidente, vicepresidentes y Congreso De acuerdo con la Constitución, si el jefe de Estado es vacado y renuncian sus vice, el titular del Congreso gobernará por unos meses hasta que se convoquen las elecciones, evitando la convocatoria inmediata de comicios electorales, planteada por Donayre.
Desde diferentes sectores del gobierno le están pidiendo a Martín Vizcarra, vicepresidente y actual embajador en Canadá, que se pronuncie de manera pública sobre el nuevo proceso de vacancia que enfrentará Kuczynski. Ya la segunda vicepresidenta y premier, Mercedes Aráoz, anunció que renunciaría en caso de que la vacancia procediera. Vizcarra, hoy en ejercicio de una responsabilidad diplomática, ha optado por el perfil bajo.
Vizcarra aseguró a La República que “no tiene previsto” venir al Perú en los próximos días. “Yo solo compré un pasaje de ida a Ottawa, no de retorno”, explicó, tras comentar que ya hizo “arraigo” en Canadá.
Mercedes Aráoz, negó que desde el Ejecutivo se haya cuestionado la lealtad del primer vicepresidente, Martín Vizcarra, con el jefe del Estado, Pedro Pablo Kuczynski. “Nadie ha dicho que él esté negociando con alguien. Que yo haya escuchado al menos, ninguno de mis colegas congresistas ni ministros”.
Desde el ajuste neoliberal de 1990, el llamado “capitalismo de amigotes” significó que para que las grandes empresas hicieran buenos negocios era indispensable las relaciones privilegiadas en el Estado, y el control de las instituciones democráticas. Las coimas, sobornos y otras ventajas quedaron reveladas en los últimos meses y salpican los poderes Ejecutivo, Legislativo y Judicial. ¿Una crisis sistémica, de gobierno, régimen y estado?
Nada será fácil. Es de esperar una resistencia grande de quienes han usufructuado de este sistema corrupto, mientras no surgen alternativas que planteen transformaciones de fondo. Y el problema no es PPK solo: antes que él estuvieron Fujimori, García, Toledo, Humala… y sus amigotes.
* Antropóloga, docente e investigadora peruana, analista asociada al Centro Latinoamericano de Análisis Estratégico (CLAE, www.estrategia.la)
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22 de março será o último dia de Kuczynski? E depois?
por Mariana Álvarez Orellana
Na próxima quinta-feira, dia 22 de março, o pleno do Congresso peruano debaterá sobre o pedido de destituição do presidente Pedro Pablo Kuczynski, cujo início de trâmite foi aprovado por ampla maioria: 87 votos a favor, 15 contra e igual número de abstenções.
O mandatário deverá comparecer ao parlamento junto com seu advogado, Alberto Borea, para expor os argumentos da sua defesa. Posteriormente, os legisladores deverão avaliar a versão do presidente e contrastá-la com a acusação e os fatos já apresentados durante as investigações a respeito do envolvimento de Kuczynski com a corrupção da Odebrecht no Peru. Logo, deverão votar para decidir se o mandatário deve ou não continuar no cargo. São precisos os mesmos 87 votos para que ele seja obrigado a deixar o governo. Se isso acontecer, o vice-presidente Martín Vizcarra deverá assumir o cargo – ou não, já que a esta altura é difícil falar em lealdades.
“Traidores”. Esta foi a palavra usada pelo presidente contra aqueles aliados que votaram a favor de debater a moção de destituição. Com este termo, Kuczynski não só incentiva seus partidários a empregarem adjetivos similares ou até piores como também cria uma divisão, de tal forma que já não se trata de um enfrentamento entre adversários políticos numa disputa democrática, e sim de inimigos num confronto que ameaça se tornar (ou talvez já se tornou) uma guerra.
O cenário vai se alterando rapidamente, e complicando cada vez mais o presidente. As denúncias têm ganhado corpo nas últimas semanas, e ele não tem sido capaz de dar respostas claras – embora esta seja uma debilidade em comum com quase toda a classe política peruana.
A moção de destituição apresentada em dezembro reuniu 79 votos. Aquela situação marcou também o rompimento definitivo do partido fujimorista Força Popular, com a bancada governista. A deserção foi encabeçada pelo líder do partido, Kenji Fujimori, irmão de Keiko, adversária de Kuczynski no segundo turno em 2016, e filho de Alberto Fujimori, o ex-ditador que estava preso e foi indultado pelo atual presidente dias antes daquela votação.
Esta é a crise de um governo que luta por sua sobrevivência, porque seu líder foi acusado de trair o seu mandato, ao colocar seus interesses particulares de grande empresário por cima do interesse geral, favorecendo as empresas das quais é dono ou representante comercial. Segundo o sociólogo Nicolás Lynch: “por mais que estejamos (os peruanos) acostumados com estes anos de neoliberalismo, nos quais o interesse particular sempre prevalece, poucas vezes se viu um mar de lama como o de agora, com uma situação escancarada de aproveitamento pessoal de quem é hoje, pelo menos por enquanto, o Presidente da República”.
A legisladora Patricia Donayre, ex-aliada de Kuczynski, cogitou que no caso de acontecer a destituição do presidente, os demais funcionários do Executivo na linha de sucessão deveriam renunciar, para que se convoquem imediatamente novas eleições para a Presidência. De acordo com a Constituição, se chefe de Estado é destituído do cargo, e seus vices renunciam, o presidente do Congresso deverá assumir a presidência de forma provisória, com a incumbência de convocar e organizar as eleições – o que é diferente da proposta da deputada Donayre, que prevê uma convocação antes de que se o chefe do Legislativo acumule as duas funções.
Diferentes setores do governismo estão pedindo a Martín Vizcarra, vice-presidente e atual embaixador no Canadá, que se pronuncie publicamente e de forma clara sobre o novo processo que Kuczynski enfrentará. Mercedes Aráoz, segunda vice-presidenta, e atual presidenta do Conselho de Ministros, anunciou que renunciaria no caso de que a destituição seja aprovada. Vizcarra, hoje em exercício de uma responsabilidade diplomática, optou pelo silêncio, embora tenha dito, em entrevista ao diário La República, que “não tem previsto” ir ao Peru nos próximos dias. “Só comprei uma passagem de ida a Ottawa, ainda não tenho a de volta”, explicou, após comentar que se sente “bem adaptado” ao Canadá.
Mercedes Aráoz, negou que o Executivo tenha questionado a lealdade do primeiro vice-presidente para com o chefe de Estado. “Ninguém disse que ele está negociando com alguém, não escutei isso de nenhum dos meus congressistas ou ministros”.
Desde o ajuste neoliberal dos Anos 90 – durante o período fujimorista – o chamado “capitalismo de compadrio” significou excelentes negócios para as grandes empresas, para os quais era indispensável contar com relações privilegiadas com o Estado, ou seja, com quem tem o controle das instituições democráticas. As propinas, subornos e outras vantagens foram reveladas nos últimos meses, e afetaram os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Uma crise sistémica? Governamental? Crise do regime? Crise do Estado?
Nada será fácil. É de esperar uma resistência grande daqueles que se aproveitaram deste sistema corrupto, enquanto não surgem alternativas que ofereçam transformações mais profundas. O problema não é só Kuczynski: antes dele estiveram Fujimori, García, Toledo e Humala. Todos trouxeram seus compadres.
Mariana Álvarez Orellana é antropóloga, docente e investigadora peruana, analista associada ao Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE)
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